Banca de DEFESA: LUCIANA BATALHA SENA
2022-02-01 18:49:43.047
Uma banca de DEFESA de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: LUCIANA BATALHA SENA
DATA: 23/02/2022
HORA: 09:00
LOCAL: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA
TÍTULO: Processo de trabalho de profissionais no atendimento às crianças com Síndrome Congênita pelo Vírus ZIKA.
PALAVRAS-CHAVES: Zika. Microcefalia. Processo de trabalho. Pessoal de saúde. Crianças.
PÁGINAS: 103
GRANDE ÁREA: Ciências da Saúde
ÁREA: Saúde Coletiva
RESUMO: Para Merhy (2007) o trabalho em saúde é um trabalho vivo pois o objeto é o
ato de cuidar da vida, é o trabalho humano em si no qual produção e consumo ocorrem
simultaneamente. O trabalho humano em saúde interage todo o tempo com instrumentos,
normas e máquinas e é demarcado como uma produção cujo objeto final é
necessariamente um bem-estar físico. O trabalho em saúde requer disponibilidade de
recursos, estrutura física, material permanente e de consumo e uma equipe treinada e
atualizada. Em períodos de crises, o trabalho em saúde configura-se mais complexo, pois
depende de meios e condições favoráveis para uma atividade produtiva. Por serem
inesperadas, crises epidemiológicas emergentes, como por exemplo, a explosão de casos
do vírus Zika no Brasil em 2015, provocam mudanças no processo de trabalho em saúde,
pois necessitam adaptar as condições aplicáveis ao processo. Esse cenário conflituoso e
novo sobrecarrega os profissionais de saúde, eles são submetidos a exaustão emocional,
forte estresse, despersonalização e redução da realização pessoal e com consequências
que refletem na vida pessoal e física do profissional. No Brasil, em 2016, foram
confirmados 1.551 casos de microcefalia e outras alterações do sistema nervoso,
associados à infecção congênita, em 556 municípios do país. Os casos concentram-se,
principalmente, na região Nordeste do País. Diante deste cenário A OMS declarou a Zika
como uma Emergência de Saúde Pública de Interesse Internacional. Nessa conjuntura, os
profissionais de saúde precisaram adaptar seu processo de trabalho para garantir uma
assistência integral a essas crianças. No caso da assistência à criança, o processo é
permeado por particularidades próprias dessa faixa etária que impelem uma necessidade
de incluir a família no processo de cuidado. Portanto, esta tese teve como objetivos:
Analisar as mudanças no processo de trabalho de profissionais no contexto da epidemia
pelo vírus Zika; Identificar características sociodemográficas e formação dos
profissionais entrevistados; Compreender a percepção sobre a epidemia da síndrome
congênita associado ao vírus zika; Identificar aspectos que influenciam o processo de
trabalho no atendimento às crianças com síndrome congênita associado ao vírus zika.
Trata-se de uma pesquisa qualitativa, do tipo Estudo de caso, realizada em um Centro de
Referência em Neurodesenvolvimento, em capital do Nordeste brasileiro, no período de
04/2018 a 01/2019. Na ocasião da pesquisa, foram identificados 56 profissionais, para
delimitar a população e atender ao critério de inclusão, aplicou-se um questionário
estruturado sobre aspectos socioeconômicos e de formação, a partir dele, foram
identificados 15 profissionais que afirmaram participar da organização do centro de
referência durante a epidemia. Três profissionais não participaram da pesquisa, dessa
forma, foram realizadas entrevistas semiestruturadas com 12 profissionais, analisadas a
partir da modalidade temática da análise de conteúdo. Como resultados, a pesquisa
originou dois artigos intitulados: EFEITOS DE UMA EPIDEMIA NO TRABALHO EM
SAÚDE: CUIDANDO DE CRIANÇAS COM SÍNDROME CONGÊNITA PELO
VÍRUS ZIKA e UM NOVO OLHAR PARA A MICROCEFALIA: PERCEPÇÃO DE
PROFISSIONAIS SOBRE A ATENÇÃO AS CRIANÇAS COM SÍNDROME
CONGÊNITA ASSOCIADA AO VÍRUS ZIKA. O primeiro teve como categorias: uma
epidemia desconhecida e a reorganização do cuidado e discutiu sobre a descoberta da
epidemia pelos profissionais, ressaltando que foi cercada de incertezas pelo
desconhecimento acerca da nova síndrome além de produzir sensação de insegurança e
desorganizar o processo de trabalho. Já o segundo foi categorizado em: Um novo olhar
para a microcefalia e seus atores e Sentimentos e Experiências de profissionais na
assistência as crianças com SCVZ. Os profissionais conviveram com a imprevisibilidade
e o estresse provocado pelo desconhecido da síndrome, apesar disso, o fato da
neurorreabilitação já fazer parte do cotidiano deles, dispersou dificuldades geradas pelo
desconforto da incerteza de suas atividades. Eles perceberam a necessidade de centrar o
cuidado na família, visto que os pais estavam fragilizados e angustiados com a situação.
Os profissionais se viram em meio a sentimentos diversos que oscilavam entre
sentimentos positivos e negativos. Diante do exposto, concluiu-se que a epidemia trouxe
à tona fragilidades já existentes e tornou premente a reorganização das práticas e a
ampliação da infraestrutura dos serviços. Foi considerado um fenômeno incontrolável,
que impactou fortemente as famílias, desconstruiu certezas do conhecimento e gerou
medo e angústia para os profissionais envolvidos no atendimento dessas crianças.
MEMBROS DA BANCA:
Interno - 1087018 - JUDITH RAFAELLE OLIVEIRA PINHO
Externo à Instituição - MARIA AUXILIADORA DE SOUZA MENDES GOMES - Fiocruz - RJ
Externo à Instituição - ROMAN GOLDENZWEIG. - UFF
Interno - 927.413.047-34 - RUTH HELENA DE SOUZA BRITTO FERREIRA DE CARVALHO
Externo ao Programa - 2242787 - SARA FITERMAN LIMA
Presidente - 6551413 - ZENI CARVALHO LAMY