Banca de QUALIFICAÇÃO: CAMILA MARIA SIMAS ALMONDES
2022-06-08 08:45:02.641
Uma banca de QUALIFICAÇÃO de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: CAMILA MARIA SIMAS ALMONDES
DATA: 14/06/2022
HORA: 08:00
LOCAL: Google Meet https://meet.google.com/zyk-smta-kou
TÍTULO: Contribuições assistenciais da odontologia e aspectos microbiológicos de pacientes em unidade
de terapia intensiva pediátrica
PALAVRAS-CHAVES: Unidades de Terapia Intensiva Pediátrica. Biofilmes. Assistência
Odontológica. Saúde Bucal. Mucosa bucal. Pneumonia associada à ventilação
mecânica.
PÁGINAS: 74
GRANDE ÁREA: Ciências da Saúde
ÁREA: Odontologia
RESUMO: Pacientes internados em unidades de terapia intensiva (UTI) podem apresentar aumento
da quantidade de biofilme bucal que é suscetível à colonização por patógenos
respiratórios. Estudos recentes que tentaram relacionar microrganismos presentes em
biofilme bucal e patógenos respiratórios encontraram alta prevalência de bactérias
respiratórias em saliva e biofilme bucal de pacientes adultos hospitalizados em UTI.
Além disso, condições bucais insatisfatórias podem comprometer o quadro sistêmico do
paciente favorecendo o desenvolvimento de infecções nosocomiais, como a pneumonia
associada à ventilação mecânica, e impactando no aumento do tempo de internação.
Dessa forma, tivemos como objetivo no capítulo I analisar o biofilme bucal e secreção
traqueal de pacientes infantis em ventilação mecânica invasiva no intuito de observar a
similaridade da microbiota e no capítulo II, descrever o perfil dos pacientes assistidos
pelo serviço de odontologia hospitalar em uma UTI pediátrica e investigar a associação
entre a condição bucal e a ocorrência de infecção relacionada à assistência (IRAS) e
pneumonia associada à ventilação mecânica (PAV). O capítulo I trata-se de um estudo
descritivo retrospectivo realizado em crianças internadas na Unidade de Terapia
Intensiva Pediátrica do Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão -
Unidade Materno Infantil (HUUFMA-UMI) no período de março a dezembro de 2019.
A amostra foi composta por 35 crianças em ventilação mecânica invasiva via tubo
orotraqueal. Foi realizada a coleta do biofilme bucal da região do dorso da língua com
swab estéril e enviado para exame de cultura com teste de sensibilidade à antibióticos
(TSA). A coleta foi realizada após 48h de admissão do paciente na UTI e sempre no
turno da manhã, antes da higiene bucal. A coleta da secreção traqueal era realizada após
a coleta do biofilme bucal seguindo a rotina da equipe de enfermagem da UTI
pediátrica. Verificou-se que em 34,3% dos participantes a mesma bactéria estava
presente no biofilme lingual e na secreção traqueal, sendo Stenotrophomonas
maltophilia e Acnetobacter baumannii as mais frequentes. Observou-se uma frequência
estatisticamente mais elevada de detecção da mesma espécie nos dois sítios nos
pacientes com até 24 meses de idade quando comparado ao grupo mais velho (58,8%
versus 11,1%, p = 0,004). A frequência de detecção da mesma espécie nos dois sítios foi
maior entre os pacientes que evoluíram para óbito quando comparado ao grupo que teve
alta hospitalar (54,6% versus 25%, p = 0,087). Houve uma frequência estatisticamente
mais elevada de óbitos entre os pacientes que tinham até 24 meses de idade (52,9%
versus 11,1%, p = 0,01). Houve frequência maior de óbito entre os pacientes com tempo
de VM maior ou igual a 10 dias, porém sem diferenças significantes (50% versus
15,8%, p = 0,065). Concluiu-se que a cavidade bucal de crianças internadas em
ventilação mecânica é reservatório de patógenos respiratórios, reiterando a necessidade
da Odontologia em Unidade de Terapia Intensiva. Já o capítulo II, trata-se de um estudo
descritivo prospectivo realizado em 143 crianças em ventilação mecânica que se
encontravam internadas na Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica do Hospital
Universitário da Universidade Federal do Maranhão - Unidade Materno Infantil
(HUUFMA-UMI) no período de Janeiro de 2019 a Dezembro de 2020. Foram obtidos
dados primários e secundários de cada participante, tais como: sexo, idade, motivo da
internação, tempo de internação, quantidade de intubações. O exame intraoral foi
realizado à beira-leito e as informações sobre a condição bucal foram presença ou
ausência de alterações em dentes, gengiva e mucosa bucal (erosões, ulcerações,
candidíase). Após a coleta de dados, os pacientes continuaram em acompanhamento
durante o período que permaneceram na UTI, obtendo-se a evolução de cada um: IRAS
e/ou PAV e o desfecho: alta ou óbito. Os resultados mostraram que a maioria tinha
mais que 24 meses de idade (46,15%) e estava até 20 dias de internação hospitalar
(65,03%). Pouco mais da metade estava a mais de 9 dias sob ventilação mecânica
(53,85%). Durante a internação, 30,77% apresentou IRAS, 19,58% apresentou PAV, e
30,77% foram a óbito. A maioria dos pacientes estava na fase da dentição decídua
(43,36%) e 12,59% apresentava lesão de mucosa bucal, principalmente ulcerações.
Tanto os pacientes com IRAS quanto PAV apresentaram maiores tempos de internação,
tempo de ventilação, e número de intubação do que aqueles que não apresentaram estas
ocorrências durante a internação (p < 0,05). Alteração de mucosa bucal foi associada
com a maior frequência de PAV após o ajustamento para variáveis confundidoras (OR
ajustado = 3,94; IC95% = 1,04-14,86; p = 0,042). Concluiu-se que a presença de
alterações em mucosa bucal é uma realidade em UTI pediátrica que pode estar
associada ao desenvolvimento de PAV, assim como tempo de VM e número de
intubações. Além disso, enfatiza-se a importância do protocolo de higiene bucal como
parte da rotina assistencial.
MEMBROS DA BANCA:
Presidente - 4111411 - FERNANDA FERREIRA LOPES
Externo à Instituição - LUANA CARNEIRO DINIZ SOUZA - UNICEUMA
Interno - 1981289 - TARCISIO JORGE LEITAO DE OLIVEIRA