Go to accessibility
Beginning of content

Linhas de Pesquisa


·  HISTÓRIA E CONEXÕES ATLÂNTICAS: CULTURAS E PODERES

 

Estudo da circulação oceânica de ideias, pessoas, mercadorias, conhecimentos, crenças, tendências políticas e econômicas entre o norte do Brasil, território da Amazônia Legal, a Europa, o Caribe, as Guianas e a África, entre os séculos XV e XXI. Trata-se não só de análises comparadas entre espaços e territórios das duas margens do oceano, na sua zona equatorial, mas de histórias conectadas, processos de hibridização, intercâmbios culturais e trocas variadas entre as partes envolvidas. Privilegiam-se aqui os processos diaspóricos, os conflitos e as relações transfronteiriças.

Desde as últimas décadas do século XX, com a emergência do termo “globalização”, assistimos a emergência de campos historiográficos que visam à superação do fundamento nacional no pensamento historiográfico. Mesmo o fenômeno da nacionalidade passa a ser analisado nos marcos de uma história global e de histórias conectadas, tanto no que diz respeito à sua formação como de sua dinâmica. No caso do Maranhão, em especial, temos um locus especial para se perceber como uma nação tão complexa como o Brasil se constituiu progressivamente de maneira contraditória e complexa, reunindo interesses divergentes que se fundamentam em diversas conexões e quadros internacionais. Assim, no âmbito de uma história atlântica, em especial, não basta apenas enxergar a formação do mundo moderno, a partir do século XVI, apenas no sentido mecânico e eurocêntrico da expansão territorial e econômica desde a Europa, mas na mobilização de subjetividades, trocas materiais e também simbólicas, conexões que não são apenas junções, mas também traduções, transcriações, mestiçagens, conflitividades e assimetrias que marcam o processo de mundialização e da própria ocidentalização – sendo que esta última também não pode ser entendida como via de mão única, embora deva-se ter em conta o papel central que teve a difusão dos livros impressos e da dinâmica capitalista. Nessa história, há o desafio de uma conectividade da própria historiografia tanto na dimensão empírica e heurística como teórico-conceitual, além da perícia nos jogos de escala – tanto para a descrição dos fenômenos históricos (relação entre “local” e “geral”) como na dimensão teórico-metodológica.

 

 

 

· LINGUAGENS, RELIGIOSIDADES E CULTURAS

 

Compreende as pesquisas relacionadas ao campo cultural e construção de identidades, tomando a cultura em termos de práticas e representações, atentando, portanto, tanto para o universo simbólico como para o da cultura material, como dimensões relacionadas. Tendo em conta o imperativo da historicidade, é enfatizado não apenas o caráter estruturante (e sincrônico) da cultura e da identidade, mas também seu caráter dinâmico (e diacrônico).

Assim, do ponto de vista teórico-metodológico, as abordagens têm como pressuposto a interrelação entre cultura (sistema simbólico articulado) e indivíduos (agentes atravessados por desejos e representações), buscando destacar tanto as práticas culturais como horizonte de conformação simbólica, como também as tensões e arranjos na construção de sentidos e identidades.

Do ponto de vista dos temas e objetos, temos as abordagens da religião e das religiosidades; as análises das condições de gênero e do perfil étnico-racial; as configurações e disputas em torno do espaço e da cidade; as práticas socioeconômicas em seu universo tanto material como simbólico, levando em consideração territorialidades e imaginários sociais; as práticas de leitura, de educação, o papel dos intelectuais, escritores e artistas na produção das representações e identidades sociais, bem como na sua problematização; as definições e configurações do patrimônio histórico e da cultura histórica; cultura e meio-ambiente; corpo e corporeidade. Enfim, tendo como norte a produção simbólica e seu compartilhamento como cultura e identidade(s), é através do nível do imaginário social que podem ser abordados também o papel das normas jurídicas e a normatividade presente em vários loci de difusão, tais como a escola, a historiografia, os livros didáticos, a mídia etc.

 

 

 

 

· PODERES, POLÍTICAS E SOCIABILIDADES

 

Compreende as pesquisas relacionadas às configurações do poder e às relações entre poder(es) e sociabilidades. Tendo em conta as renovações da história política em termos de conceitos e abordagens, o poder é visto tanto no sentido tradicional e ainda relevante do Estado e instituições, como também no sentido da produção e difusão de representações e imaginários através do discurso; o poder é tratado tanto no sentido do seu locus centralizado e/ou centralizador, como também na dimensão dos micropoderes e da cultura política; enfim, o poder diz respeito tanto à formulação, exercício e/ou imposição de normas e obrigações como também à sua legitimação ou legitimidade no nível da cultura política e das práticas sociais – movimentos sociais, relações sociais como família, clientela ou religião etc. Levando-se em consideração tanto a interdisciplinaridade como a abrangência das noções de poder e sociabilidade, a linha de pesquisa abre-se tanto para os estudos referentes às instituições – Estado, partidos políticos, associações etc. – e às práticas políticas no nível do discurso, como também para os estudos referentes ao mundo do trabalho. Nesse sentido, quanto atentamos para a imbricação entre configuração de poder, discursos (ou ideologias) e relações sociais, é importante ter em conta o campo tradicional da economia política, incorporando tanto seus conceitos clássicos como também levando em consideração a dimensão da biopolítica. Do ponto de vista dos temas e objetos, temos as abordagens sobre as instituições e as ideias políticas e sociais, os regimes e sistemas políticos; sobre as relações entre o Estado e a(s) igreja(s); sobre os imaginários sociais e a cultura política; sobre a relação entre poder,representação social (no duplo sentido do termo representação) e sociabilidades; as relações de poder e as redes de sociabilidades, presentes no exercício da autoridade e nas práticas cotidianas, configurando sujeitos históricos coletivos e individuais; ideologias, imaginários, mitos e mitologias políticas; narrativas da modernidade; mundos do trabalho e da produção; o papel de intelectuais, escritores e artistas na legitimação, perspectivação ou contestação do poder, nas teorias, utopias e distopias; as formas de construção da autoridade bem como os movimentos e redes de resistência; micropolítica; a história da historiografia na perspectiva de sua relação com a história das ideais políticas e sociais.

 

 

 

End of content