PPGHIS/CCH

Uma banca de QUALIFICAÇÃO de MESTRADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: JONATAN DA SILVA ALVES FIRMINO
DATA: 19/12/2023
HORA: 14:00
LOCAL: Plataforma Google Meet
TÍTULO: Iemanjá, desperta: uma perspectiva histórica dos conflitos político-religiosos entre a gestão de Marcelo Crivella e a Festa de Iemanjá do Mercadão de Madureira em disputa simbólica pelo espaço urbano do Rio de Janeiro.
PALAVRAS-CHAVES: Religião; Conflito; Território; Política; Rio de Janeiro.
PÁGINAS: 101
GRANDE ÁREA: Ciências Humanas
ÁREA: História
RESUMO: Este trabalho aborda a interseção entre manifestações culturais e religiosas de origem afro-brasileira e o cenário político no Rio de Janeiro, enfocando a análise dos conflitos político-religiosos relacionados à Festa de Iemanjá do Mercadão de Madureira durante a gestão de Marcelo Crivella. O estudo utiliza a abordagem da micro-história, com ênfase em entrevistas semiestruturadas que seguem a metodologia da história oral. As manifestações culturais e religiosas afro-brasileiras desempenham um papel central na identidade e na dinâmica social dos bairros e regiões periféricas da cidade do Rio de Janeiro. A Festa de Iemanjá do Mercadão de Madureira, tradicionalmente realizada desde o ano de 2003, é um exemplo relevante disso. A celebração, organizada por comerciantes do Mercadão, representa uma expressão religiosa e cultural e também funciona como instrumento para a promoção da visibilidade ampliada dos fazeres religiosos, sociais e culturais típicos das religiões de matriz afro-brasileira na cidade do Rio de Janeiro e como meio para a ocupação do espaço público pelos grupos ligados a essas tradições religiosas, no exercício de oposição ao histórico de apagamento e afastamento dessas pessoas das áreas nobres do território urbano. Durante a administração de Marcelo Crivella, a Festa de Iemanjá do Mercadão de Madureira enfrentou grandes desafios. A relação entre o evento e o contexto político do Rio é complexa, envolvendo tanto apoio quanto conflito. Por um lado, a festa recebeu apoio institucional e individual de políticos da cidade, refletindo um reconhecimento de sua importância para o município. Por outro lado, enfrentou obstáculos administrativos durante a gestão de Crivella, marcada por uma série de decisões que impactaram negativamente a realização do evento, culminando no episódio mais crítico, ocorrido em 2019, quando a festa não pôde ser realizada no seu formato tradicional de carreata devido à falta de recursos. O fato simboliza a retirada da festa do espaço coletivo urbano, confinando-a aos corredores do Mercadão, restringindo a celebração a um espaço privado, e expondo tensões político-religiosas na disputa pelo espaço público da cidade. O estudo das entrevistas semiestruturadas com organizadores, religiosos, participantes e agentes da Prefeitura oferece perspectivas minuciosas sobre tais conflitos. Através da pesquisa documental do período, observa-se que as decisões administrativas não apenas afetaram a logística da festa, mas também tiveram implicações simbólicas profundas, afetando a visibilidade e a continuidade dessa tradição afro-brasileira no Rio de Janeiro. A análise conclui que a Festa de Iemanjá do Mercadão de Madureira é um caso emblemático da interação entre religião, cultura, política e território. Ela ilustra como as manifestações culturais afro-brasileiras, ao serem relegadas ou restringidas, enfrentam desafios significativos em sua existência. Além disso, este trabalho destaca a importância do apoio do Estado e da sociedade civil, através de políticas públicas, para a resistência das culturas afro-brasileiras, histórica e firmemente liderada por pessoas que reconhecem sua riqueza e não abandonam suas raízes. https://meet.google.com/pmh-njoz-ngv
MEMBROS DA BANCA:
Interno - 1852177 - LUIZ ALBERTO ALVES COUCEIRO
Presidente - 2178433 - LYNDON DE ARAUJO SANTOS
Externo à Instituição - LÚCIA HELENA PEREIRA DA SILVA - UFRJ