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Banca de QUALIFICAÇÃO: LUCIANA BATALHA SENA

2020-09-09 16:10:26.929

Uma banca de QUALIFICAÇÃO de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: LUCIANA BATALHA SENA
DATA: 15/09/2020
HORA: 14:00
LOCAL: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA
TÍTULO: PROCESSO DE TRABALHO DE PROFISSIONAIS NO ATENDIMENTO ÀS CRIANÇAS COM SÍNDROME CONGÊNITA PELO VÍRUS ZIKA
PALAVRAS-CHAVES: Zika. Microcefalia. Processo de trabalho. Pessoal de saúde. Crianças.
PÁGINAS: 110
GRANDE ÁREA: Ciências da Saúde
ÁREA: Saúde Coletiva
RESUMO: Para Merhy (2007) o trabalho em saúde é um trabalho vivo pois o objeto é o ato de cuidar da vida, é o trabalho humano em si no qual produção e consumo ocorrem simultaneamente. O trabalho humano interage todo o tempo com instrumentos, normas e máquinas e não é demarcado como uma produção cujo objeto final é necessariamente um bem físico. Portanto o trabalho em saúde requer disponibilidade de recursos, estrutura física, material permanente e de consumo e uma equipe treinada e atualizada. Em períodos de crises, o trabalho em saúde configura-se mais complexo, pois depende de meios e condições favoráveis para uma atividade produtiva. Por ser inesperado, crises epidemiológicas emergentes, como por exemplo, a explosão de casos do vírus Zika no Brasil em 2015, provocam mudanças no processo de trabalho em saúde, pois necessitam adaptar as condições aplicáveis ao processo. Esse cenário conflituoso e novo sobrecarrega os profissionais de saúde, eles são submetidos a exaustão emocional, forte estresse, despersonalização e redução da realização pessoal e com consequências que refletem na vida pessoal e física do profissional. No Brasil, em 2016, foram confirmados 1.551 casos de microcefalia e outras alterações do sistema nervoso, associados à infecção congênita, em 556 municípios do país. Os casos concentram-se, principalmente, na região Nordeste do País. Diante deste cenário A OMS declarou a Zika como uma Emergência de Saúde Pública de Interesse Internacional. Nessa conjuntura, os profissionais de saúde precisaram adaptar seu processo de trabalho para garantir uma assistência integral a essas crianças. No caso da assistência à criança, o processo é permeado por particularidades próprias dessa faixa etária que impelem uma necessidade de incluir a família no processo de cuidado. Portanto, esta tese teve como objetivos: Analisar as mudanças no processo de trabalho de profissionais no contexto da epidemia pelo vírus Zika; Identificar características sociodemográficas e formação dos profissionais entrevistados; Compreender a percepção sobre a epidemia da síndrome congênita associado ao vírus zika; Identificar aspectos que influenciam o processo de trabalho no atendimento às crianças com síndrome congênita associado ao vírus zika. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, do tipo Estudo de caso, realizada em um Centro de Referência em Neurodesenvolvimento, em capital xiii do Nordeste brasileiro, no período de 04/2018 a 01/2019. Na ocasião da pesquisa, foram identificados 56 profissionais, para delimitar a população e atender ao critério de inclusão, aplicou-se um questionário estruturado sobre aspectos socioeconômicos e de formação, a partir dele, foram identificados 15 profissionais que afirmaram participar da organização do centro de referência durante a epidemia. Três profissionais não participaram da pesquisa, dessa forma, foram realizadas entrevistas semiestruturadas com 12 profissionais, analisadas a partir da modalidade temática da análise de conteúdo. Como resultados, a pesquisa originou dois artigos intitulados: MUDANÇAS NO PROCESSO DE TRABALHO EM SAÚDE COM CRIANÇAS: EFEITOS DE UMA EPIDEMIA e UM NOVO OLHAR PARA A MICROCEFALIA: PERCEPÇÃO DE PROFISSIONAIS SOBRE A ATENÇÃO AS CRIANÇAS COM SÍNDROME CONGÊNITA ASSOCIADA AO VÍRUS ZIKA. O primeiro teve como categorias: uma epidemia desconhecida e a reorganização do cuidado e discutiu sobre a descoberta da epidemia pelos profissionais, ressaltando que foi cercada de incertezas pelo desconhecimento acerca da nova síndrome além de produzir sensação de insegurança e desorganizar o processo de trabalho. Já o segundo foi categorizado em: Um novo olhar para a microcefalia e seus atores e Sentimentos e Experiências de profissionais na assistência as crianças com SCZ. Os profissionais conviveram com a imprevisibilidade e o estresse provocado pelo desconhecido da síndrome, apesar disso, o fato da neurorreabilitação já fazer parte do cotidiano deles, dispersou dificuldades geradas pelo desconforto da incerteza de suas atividades. Eles perceberam a necessidade de centrar o cuidado na família, visto que os pais estavam fragilizados e angustiados com a situação. Os profissionais se viram em meio a sentimentos diversos que oscilavam entre sentimentos positivos e negativos. Diante do exposto, concluiu-se que a epidemia trouxe à tona fragilidades já existentes e tornou premente a reorganização das práticas e a ampliação da infraestrutura dos serviços. Foi considerado um fenômeno incontrolável, que impactou fortemente as famílias, desconstruiu certezas do conhecimento e gerou medo e angústia para os profissionais envolvidos no atendimento dessas crianças.
MEMBROS DA BANCA:
Externo à Instituição - ROMAN GOLDENZWEIG. - UFF
Co-orientador externo à instituição - RUTH HELENA DE SOUZA BRITTO FERREIRA DE CARVALHO - UERJ
Externo ao Programa - 2242787 - SARA FITERMAN LIMA
Presidente - 6551413 - ZENI CARVALHO LAMY

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